O que é Musicoterapia?
- Daniele Pendeza
- 31 de mai. de 2021
- 3 min de leitura

Musicoterapia vai muito além de se colocar uma música relaxante. Isso pode ser terapêutico? Pode. Mas, é terapia? Não! 😁
Para uma atividade ser definida como Musicoterapia, necessita de um profissional qualificado e de um cliente (qualquer ser humano interessado ou com indicação para essa forma de terapia). O processo terapêutico se dá na relação entre musicoterapeuta-música-cliente e envolvem o uso de métodos e técnicas específicas.
Segundo a UBAM (União Brasileira das Associações de Musicoterapia), essa profissão "é um campo de conhecimento que estuda os efeitos da música e da utilização de experiências musicais, resultantes do encontro entre o/a musicoterapeuta e as pessoas assistidas. A prática da Musicoterapia objetiva favorecer o aumento das possibilidades de existir e agir, seja no trabalho individual, com grupos, nas comunidades, organizações, instituições de saúde e sociedade, nos âmbitos da promoção, prevenção, reabilitação da saúde e de transformação de contextos sociais e comunitários; evitando dessa forma, que haja danos ou diminuição dos processos de desenvolvimento do potencial das pessoas e/ ou comunidades" (UBAM).

Para ser musicoterapeuta é necessária formação específica na área! Não é suficiente saber tocar um instrumento, seja você profissional da educação ou da saúde, como da psicologia ou enfermagem. Como eu disse no post anterior, essa profissão tem métodos e técnicas específicas que só podem ser realizadas por quem tem formação na área. Portanto, exija comprovação da formação do profissional que o está atendendo, pois esse é um direito seu e quem trabalha com ética não vai se importar.
A UBAM (União Brasileira das Associações de Musicoterapia) tem uma lista no site com cursos de graduação e pós de Musicoterapia que são aceitos pela instituição. Cursos além desses listados não apresentam rigor em sua grade curricular, o que inviabiliza o exercício da profissão no futuro. Então fique atento(a), seja você cliente ou interessado(a) em seguir essa profissão!
Mas se eu tenho o curso em uma instituição que não é acreditada, como assim não posso atender? Simples, como a UBAM não reconhece cursos sem rigor em sua grade curricular e qualidade dos professores, você fica impossibilitado de adquirir a carteirinha de associado, o que barra o exercício da profissão junto a diversas instituições, concursos públicos e atuação junto a planos de saúde. Além disso, estamos em processo de regulamentação da profissão e após o término desse processo, será obrigatória a obtenção de carteirinha e código de associado para exercer a profissão.

A Musicoterapia tem evidências científicas junto a diversos públicos, desde pessoas com deficiências; AVC e outros tipos de lesão encefálica adquirida; hipertensão arterial; idosos com Alzheimer ou com outras demências; na saúde mental; oncologia; com bebês prematuros; estimulação precoce; dentre outros.
De forma geral, os benefícios envolvem melhora na criatividade, comunicação, cognição, habilidades motoras, interação social, comportamento e no emocional. 🥰
Falando mais especificamente de pessoas autistas, que formam a maior parte do público que eu atendo, temos indicado no relatório Evidence-Based Practices for Children, Youth, and Young Adults with Autism (Práticas baseadas em evidências para crianças, jovens e adultos com autismo, 2020), que as intervenções mediadas por música, incluindo a Musicoterapia, formam uma base consistente e necessária no tratamento de pessoas com autismo, promovendo melhoras na comunicação, no desenvolvimento social e da brincadeira, na prontidão escolar, comportamentos adaptativos e autoconhecimento, controle de comportamentos desafiantes e na motricidade. Outros documentos internacionais demonstram os mesmos achados, validando a Musicoterapia como prática baseada em evidências junto de pessoas autistas (a saber, Music therapy for people with autism spectrum disorder [Cochrane, 2014]; Effects of music therapy for children and adolescents with psychopathology: A meta-analysis [Gold et al., 2004]; Evidence-based practice and autism in the schools [NAC, 2015]; Evidence-based practices for children, youth, and young adults with Autism Spectrum Disorder [NPDC, 2014]).
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