Segundo a UBAM (União Brasileira de Associações de Musicoterapia), a Musicoterapia "é um campo de conhecimento que estuda os efeitos da música e da utilização de experiências musicais, resultantes do encontro entre o/a musicoterapeuta e as pessoas assistidas. A prática da Musicoterapia objetiva favorecer o aumento das possibilidades de existir e agir, seja no trabalho individual, com grupos, nas comunidades, organizações, instituições de saúde e sociedade, nos âmbitos da promoção, prevenção, reabilitação da saúde e de transformação de contextos sociais e comunitários; evitando dessa forma, que haja danos ou diminuição dos processos de desenvolvimento do potencial das pessoas e/ ou comunidades."
Para ser habilitado a desenvolver essa profissão, o profissional necessita ter formação superior, seja por graduação ou pós-graduação, em Musicoterapia. Para essa formação ter validade, ela necessita ser reconhecida pelo MEC, mas tem um porém... O curso também necessita ser reconhecido pela UBAM como um curso de qualidade, para que o futuro profissional possa fazer seu cadastro em uma associação de musicoterapia local e praticar a profissão.
Por que isso ocorre? Infelizmente, muitos cursos que se dizem de formação de Musicoterapia (especialmente os de pós-graduação online), não apresentam requisitos mínimos para tanto. Carecem de musicoterapeutas dando as aulas (como alguém que não é musicoterapeuta vai ensinar Musicoterapia?) e de disciplinas básicas que habilitam para a profissão, como, por exemplo, aquelas que abordam métodos e técnicas específicas. Se um curso não apresentar uma carga horária mínima exigida de disciplinas específicas e estágio supervisionado, certamente esse é um curso mal-intencionado, que além de tirar dinheiro do aluno, não vai formá-lo para o que se propõe (para maiores informações, acesse a aba Formação, no site da UBAM).
A Musicoterapia é uma formação séria, que pode causar danos nos usuários (clientes que dela participam). Estamos lutando pela regulamentação da profissão, a fim de resolver esse problema de oferta de cursos que se dizem de Musicoterapia, mas não formam os alunos devidamente.
Mas se eu me formar em um desses cursos de um ano, que não falam nada de Musicoterapia, mas me dão um diploma de musicoterapeuta, eu não posso atuar? Sem a acreditação da UBAM não será possível fazer concursos públicos, atender no SUS e receber clientes via planos de saúde ou outras formas de encaminhamento no âmbito da saúde. Isso, pois sem a liberação da carteirinha de profissional emitida pelas associações locais, os órgãos citados anteriormente não autorizam a contratação ou parceria com o “profissional” (um paralelo pode ser feito com outros profissionais da saúde, como psicólogos, que sem seu cadastro CRP não estão autorizados a exercer a profissão, ou com relação a advogados, que sem realizar a prova da OAB, não podem advogar).
O que um Musicoterapeuta estuda?
Além de estudar os métodos, técnicas e abordagens específicas da Musicoterapia (além de disciplinas básicas, que nos habilitam como “generalistas”, existem abordagens que necessitam de formações complementares como o GIM (Guided Imagery and Music), a NMT (Neurologic Music Therapy), a Musicoterapia Focal Obstétrica, dentre outras.
A formação básica também conta com estudos de psicologia, psicologia da música, biologia, história da Musicoterapia, música (teoria musical e práticas instrumentais e vocais), desenvolvimento humano, neurociência, psiquiatria (como psicofarmacologia e psicopatologia), além de estudos de casos clínicos, práticas em grupo, estágios em diversos contextos, supervisão e metodologia científica. Ufa! É muita coisa, né?! Isso faz da Musicoterapia transdisciplinar por natureza e complexa, mas, pelo mesmo motivo, incrível e apaixonante.
Quem pode ser cliente de Musicoterapia?
A Musicoterapia atende a todas as idades! Desde o pré-natal, até o fim da vida, em cuidados paliativos. Ao procurar um profissional habilitado e creditado, o cliente passará por uma avaliação e os objetivos terapêuticos serão apontados para guiar o desenvolvimento das sessões. A UBAM (que ao meu ver é uma União muito organizada) lançou o documento JUSTIFICATIVA PARA PROJETOS DE MUSICOTERAPIA (http://ubammusicoterapia.com.br/wp-content/uploads/2019/12/Justificativa-para-Projetos-de-Musicoterapia.pdf), onde são apresentados os benefícios da Musicoterapia para diversos públicos. Vale ressaltar que todo esse material tem base científica e não em achismos ou em senso comum (como, por exemplo, achar que colocar uma playlist X ou Y vai curar as pessoas). Os dados ali citados são frutos de pesquisas que vêm sendo realizadas há mais de 70 anos (desde o início da profissão, logo após a Segunda Grande Guerra Mundial).
Se você tiver mais alguma dúvida sobre essa profissão, deixa o seu recado nos comentários!
Referências
UNIÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE MUSICOTERAPIA. Definição Brasileira de Musicoterapia. 2018. Disponível em: http://ubammusicoterapia.com.br/definicao-brasileira-de-musicoterapia/.