É muito comum vermos sugestões da estimulação do feto através da colocação de fones de ouvido na barriga da mãe. Porém, será mesmo que essa é a forma correta de realizar a estimulação musical?
O psicólogo da música Richard Parncutt, apresenta em seu capítulo Desenvolvimento Prenatal (In: The Child as Musician - A Handbook os Musical Development, edited by Gary E. McPherson, 2016) alguns dados que contraindicam essa prática.
O autor aponta que a colocação de fones de ouvido na barriga pode causar danos na audição do feto, pois ele não está preparado para esse tipo de prática (ouvir sons fortes projetados diretamente na barriga). Sua audição ainda está em desenvolvimento (bem como todo o seu sistema sensorial, neuronal, físico...) e não temos como controlar a intensidade dos sons (eles podem ser ouvidos com intensidades diferentes dependendo da posição do feto e da transmissão pelo meio líquido que o envolve). Inclusive, existem leis que protegem as mulheres grávidas que trabalham em ambientes ruidosos, como fábricas e na proximidade de turbinas, pois isso pode causar, além de perda auditiva no feto, atrasos no desenvolvimento (tanto físico, com a dificuldade em ganhar peso e implicações no sistema imunológico, quanto neuronal), estresse e dificuldade para dormir.
Com relação ao vínculo, este não se dará utilizando sons provenientes de fones, pois para a sua construção é necessária a troca relacional, ou seja, o feto ouvir a voz dos pais (falando e cantando para ele).
Nós não colocamos fones de ouvido em recém-nascidos, e nem os expomos a sons intensos, por que faríamos isso quando eles ainda estão dentro do útero? Se você tem interesse em realizar uma estimulação musical e fortalecer a construção de vínculo com o seu filho, é importante buscar a orientação de profissionais especializados, como musicoterapeutas e educadores musicais que atendem o desenvolvimento pré-natal e a primeiríssima infância.
